As organizações com visão de futuro estão deixando de se concentrar apenas no treinamento de habilidades para ajudar os funcionários a “aprender a aprender”
Neste mundo de negócios em rápida evolução, habilidades técnicas específicas podem rapidamente se tornar obsoletas, dificultando o acompanhamento de funcionários e profissionais de T&D. Neste artigo no StrategicCHRO360 , Irma Horvath, Gerente Sênior de Desenvolvimento Organizacional da Kahoot!, discute como as empresas podem ajudar os funcionários a desenvolver resiliência e adaptabilidade, migrando do treinamento tradicional de habilidades para o fomento de uma cultura de aprendizado contínuo.
Habilidades específicas se tornam obsoletas rapidamente. Mas ajudar seus talentos a aprender a aprender lhes dará a resiliência necessária para crescer em meio às mudanças.
Os líderes de RH precisam parar de treinar funcionários e começar a ensiná-los a aprender.
É o que afirma Irma Horvath, chefe de aprendizagem e desenvolvimento da Kahoot, empresa norueguesa de plataforma de aprendizagem e engajamento. Embora crianças em idade escolar possam reconhecer a empresa global por seus jogos de perguntas e respostas de múltipla escolha, a Kahoot oferece uma ampla variedade de aplicativos e ferramentas digitais com o objetivo de tornar o aprendizado mais acessível e impactante.
Horvath leva essa missão a sério no ambiente de trabalho, não apenas para o bem-estar dos funcionários, mas também como estratégia para lidar com mudanças rápidas. Veja como ela faz isso.
Por que as empresas devem mudar do treinamento tradicional para um foco em ensinar os funcionários a aprender?
O treinamento tradicional geralmente parte do pressuposto de que a entrega de conteúdo leva diretamente à capacitação. Mas, na realidade, o ritmo de mudança na maioria dos setores é tão rápido que habilidades específicas podem se tornar obsoletas rapidamente. O que realmente prepara as equipes para o sucesso a longo prazo não é apenas o que elas sabem, mas o quão bem elas aprendem.
Quando as empresas mudam seu foco para ajudar as pessoas a aprender a aprender — como fazer perguntas melhores, avaliar informações criticamente e aplicar insights em diferentes contextos — elas estão construindo resiliência, adaptabilidade e a capacidade de continuar crescendo em meio à mudança.
Não basta mais impor o conhecimento em uma direção e esperar que ele se fixe. As organizações mais inovadoras estão investindo em curiosidade, pensamento crítico e agilidade de aprendizagem, habilidades que ajudam as pessoas a lidar com a incerteza e impulsionar seu próprio desenvolvimento.
Curiosamente, alguns dos programas mais eficazes que vimos não são aqueles repletos de conteúdo, mas aqueles que estimulam a reflexão, a exploração autodirigida e a aprendizagem entre pares. Ensinar as pessoas a aprender não é mais uma habilidade interpessoal, é uma vantagem estratégica.
Quais são as maiores barreiras que impedem os funcionários de desenvolver um hábito de aprendizado contínuo?
Um dos maiores obstáculos é simplesmente o tempo. A maioria dos funcionários lida com prioridades conflitantes, e o aprendizado muitas vezes é deixado de lado em favor de tarefas mais imediatas. Em nosso recente Relatório de Cultura no Ambiente de Trabalho, quase metade dos trabalhadores de escritório nos EUA nos disseram que as restrições de tempo e a carga de trabalho são os principais motivos pelos quais não priorizam o aprendizado. Esse é um sinal bastante claro: se o aprendizado não estiver integrado ao ritmo de trabalho, é improvável que aconteça.
Outra barreira é a forma como o aprendizado é ministrado. Quando o treinamento parece genérico, excessivamente formal ou desconectado dos desafios da vida real, as pessoas naturalmente se afastam. Quase metade dos trabalhadores diz que o treinamento é chato e mais de um terço diz que simplesmente não é envolvente.
Essa é uma oportunidade perdida. O desafio para os líderes de RH é criar experiências de aprendizagem que sejam relevantes, estimulantes e que valham o tempo das pessoas — algo em que os funcionários realmente queiram se aprofundar, não algo que se sintam obrigados a fazer.
Como as organizações podem promover uma cultura em que o aprendizado seja autodirigido e não imposto de cima para baixo?
Tudo começa com confiança e propriedade. As pessoas são muito mais propensas a conduzir seu próprio aprendizado quando sentem autonomia e segurança psicológica. Isso significa ir além da mentalidade de listas de verificação e criar espaço para curiosidade, experimentação e aprendizado compartilhado. As culturas mais eficazes normalizam o aprendizado como parte do cotidiano — não como uma tarefa extra, mas como algo inerente à forma como as equipes refletem, colaboram e crescem.
Uma maneira poderosa de fazer isso é desbloquear o conhecimento já existente na organização. Nossa pesquisa mostra que quase 60% dos funcionários possuem expertise valiosa que muitas vezes permanece inexplorada. Criar mais momentos de aprendizagem entre pares, seja por meio de mentoria, almoços de aprendizado, demonstrações de projetos ou rituais de compartilhamento de conhecimento, pode tornar a aprendizagem mais social, prática e contínua.
Quando as pessoas sentem que são responsáveis por seu desenvolvimento e que suas ideias são valorizadas, isso se torna parte da cultura, não apenas uma iniciativa da empresa.
Como a tecnologia pode tornar o aprendizado no local de trabalho mais envolvente e eficaz, e quais são as melhores maneiras de aplicá-la?
A tecnologia tem um enorme potencial para transformar a aprendizagem do consumo passivo em engajamento ativo, mas somente se aplicada intencionalmente. O objetivo não deve ser apenas digitalizar conteúdo. Deve ser criar momentos de aprendizagem significativos: interativos, personalizados e integrados à maneira como as pessoas já trabalham. Seja por meio de feedback em tempo real, experiências gamificadas ou ferramentas colaborativas, a tecnologia pode ajudar a dar vida à aprendizagem de uma forma dinâmica e humana.
Dito isso, as melhores soluções são aquelas que atendem as pessoas onde elas estão: em seus celulares, em chats de equipe ou integradas aos fluxos de trabalho de projetos. O aprendizado nem sempre precisa ser um evento formal; pode acontecer em pequenos momentos, por meio de interações entre colegas ou diretamente no fluxo do trabalho. Quando a tecnologia é usada para tornar o aprendizado mais relevante, mais social e mais emocionalmente impactante, ele deixa de parecer um item a ser preenchido e começa a se tornar um hábito que as pessoas desejam construir.
Saiba mais em: https://kahoot.com/kahoot-news/learn-why-companies-should-encourage-employees-to-be-lifelong-learners-in-strategicchro360/