Unesp passa a integrar redes nacionais voltadas à pesquisa em saúde mental e à promoção do bem-estar na comunidade acadêmica

Adesão à Rede Nacional de Saúde Mental abre caminho para colaboração em estudo sobre saúde mental dos brasileiros. Já colaboração com a Rede Brasileira de Universidades Promotoras de Saúde vai permitir compartilhamento, com mais de 40 instituições, das iniciativas no âmbito da saúde que estão beneficiando trabalhadores e alunos.

O mundo enfrenta uma crise em saúde mental. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, em 2022 quase 1 bilhão de pessoas apresentavam algum tipo de transtorno mental, sendo a ansiedade, a depressão e os transtornos do neurodesenvolvimento os mais prevalentes. No Brasil, a situação não é muito diferente. Segundo o Ministério da Previdência Social, em 2024 o número de afastamentos do trabalho por questões de saúde mental chegou a 440 mil, um aumento de 134% em relação a 2014, quando foram registrados 210 mil casos.

Atento ao crescimento do problema, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, juntamente com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), criou em 2023 a Rede Nacional de Saúde Mental (ReNaSam), com o objetivo de conduzir estudos inovadores e veicular informações de qualidade à população. Em maio, a Unesp tornou-se o mais novo integrante da ReNaSam.

Titular da Coordenadoria de Saúde da Unesp (CSUnesp), Ludmila Cândida de Braga afirma que a ReNaSam tem como objetivo permitir a troca de experiências e conhecimentos entre instituições, além de fortalecer o estudo e o enfrentamento das questões de saúde no ensino superior. Atualmente, a rede é composta por mais de 30 pesquisadores vinculados a universidades federais e estaduais de todas as regiões do Brasil, além de representantes da Universidade de Lancaster e do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz.

Pesquisa de alcance nacional investigará saúde mental nas universidades brasileiras

A ReNaSam desenvolve, atualmente, dois grandes projetos de pesquisa em escala nacional. O primeiro é o Estudo Nacional de Saúde Mental (Enasam), que irá realizar entrevistas em 8 mil domicílios para identificar e avaliar a incidência de transtornos mentais entre a população brasileira de 18 a 75 anos. A partir desse levantamento, grupos de indivíduos serão selecionados aleatoriamente para uma segunda entrevista, mais aprofundada, conduzida de forma síncrona e on-line. Os dados serão analisados e divulgados com o objetivo de subsidiar a formulação de políticas públicas na área.

A segunda pesquisa é o Estudo Nacional de Saúde Mental nas Universidades (Enasam-U), voltado especificamente ao ambiente universitário. O estudo irá mapear questões de saúde mental entre estudantes, docentes e servidores técnico-administrativos de 108 instituições públicas de ensino superior, distribuídas por todas as regiões do Brasil. A meta é que os dados ajudem as universidades a construir estratégias mais eficazes de promoção da saúde, tornando o ambiente acadêmico mais acolhedor, inclusivo e produtivo.

A Unesp, inicialmente por meio de sua Coordenadoria de Saúde (CSUnesp) e da Pró-Reitoria de Pesquisa, irá colaborar com o Enasam-U, realizando um levantamento sobre a saúde mental da comunidade interna. Ludmila Braga afirma que a decisão de integrar a ReNaSam e conduzir a pesquisa está alinhada às pautas institucionais. “Há um interesse institucional, de longa data, nesses temas, e uma preocupação por parte da gestão da universidade em desenvolver iniciativas e alternativas para cuidar dos nossos trabalhadores e estudantes”, declara ela.

A coordenadora ressalta os desafios à saúde mental que fazem parte do estilo de vida moderno. “Lidamos com questões como as redes sociais, a sociedade de consumo, o sistema produtivo em que estamos inseridos, e outras mais próprias do mundo do trabalho, como a uberização e a fragilização das condições profissionais. Isso se reflete sobre a sociedade como um todo e afeta o universo dos trabalhadores e estudantes da nossa instituição”, avalia a médica.

Atualmente, já estão em andamento várias medidas em prol da saúde mental da comunidade unespiana, desenvolvidas tanto pela Reitoria quanto no âmbito dos câmpus. Elas incluem o aperfeiçoamento dos espaços de saúde, a contratação de profissionais da área e o programa Setembro a Setembro, voltado ao cuidado contínuo da saúde mental.

A participação na rede permitirá à Universidade obter dados precisos sobre a realidade da saúde mental da comunidade, os quais poderão embasar políticas, estratégias e iniciativas mais assertivas na prevenção e no combate às doenças mentais. Por isso, os colaboradores da ReNaSam deverão percorrer os diversos câmpus para incentivar a participação de estudantes, docentes e servidores técnico-administrativos na pesquisa. “O envolvimento da comunidade será essencial para o sucesso do trabalho”, diz Braga.

Rede de Universidades Promotoras de Saúde

Além da Rede Nacional de Saúde Mental, a Unesp passou a integrar, no final de abril, a Rede Brasileira de Universidades Promotoras de Saúde (ReBraUPS). Criada em 2018, a rede busca aproximar docentes, discentes e outros representantes de instituições de ensino superior, com o objetivo de implementar, acompanhar e avaliar ações de promoção da saúde junto às comunidades interna e externa das universidades. Atualmente, reúne mais de 40 instituições.

A Unesp é representada na rede pela docente da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Juliana Alvares Duarte Bonini. Ela explica que a ReBraUPS adota uma sistemática de trabalho diário, com compartilhamento de informações, ações, palestras e eventos promovidos por todas as instituições associadas. Também são realizados congressos ibero-americanos, nacionais e regionais, nos quais as universidades têm a oportunidade de apresentar avanços, reflexões e participar de discussões relacionadas à saúde.

Ela destaca que, em breve, todas as instâncias da Universidade que atuam com saúde terão a oportunidade de colaborar e mostrar o que fazem. “Muitas pessoas, direta ou indiretamente, trabalham em prol da saúde em nossa comunidade. Nossa proposta é apresentar esse portfólio, que de maneira muito clara perpassa, por exemplo, todas as Pró-Reitorias e a gestão. Queremos construir um caminho em que todas as instâncias percebam a transversalidade desse tema e entendam que podemos ser apenas uma coisa: uma universidade promotora de saúde”, diz.

Saiba mais em: https://jornal.unesp.br/2025/06/12/unesp-passa-a-integrar-redes-nacionais-voltadas-a-pesquisa-em-saude-mental-e-a-promocao-do-bem-estar-na-comunidade-academica/

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