“A gente finge que não usa”: novo estudo do Cetic.br traça um mapa da IA nas escolas brasileiras

Professores reconhecem que alunos utilizam a tecnologia para várias tarefas, mas a discussão sobre o tema em sala de aula ainda é incipiente

“A gente finge que não usa, eles (os professores) fingem que não veem“. A frase é de um dos alunos ouvidos na elaboração do estudo “Inteligência Artificial na Educação: usos, oportunidades e riscos no cenário brasileiro”.

A pesquisa, conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), foi lançada oficialmente na terça-feira (25), durante o seminário INOVA IA 2025, no Rio de Janeiro

O estudo, disponível neste link, traçou um panorama sobre como a tecnologia tem sido empregada no ambiente de salas de aula pelo país. A IA tem sido usada de forma intensa e diversificada não só por alunos, mas também por professores, mas ainda sem diretrizes claras.

“Os alunos fazem um “uso selvagem”, indiscriminado e muito intenso. Desde busca pelo significado de uma palavra até informações sobre dores que estão sentindo. Estudantes utilizam IA no dia a dia para organização, saúde e lazer, lembretes, receitas, dietas e suporte emocional”, explicou Graziela Castello, coordenadora de estudos setoriais do NIC.br.

Um dos detalhes que chamou a atenção dos pesquisadores foi uma distinção apresentada pelos próprios alunos. Segundo os estudantes, o uso de IA varia entre o que chamam de “apoio pontual” (resumos, anotações, ideias para redações) e aquilo que entendem por usos que geram dependência (resolução de exercícios completos, por exemplo).

Os alunos relataram ainda que usam estratégias para evitar que os professores descubram o uso de IA na execução de alguma atividade.

As percepções sobre a IA diferem entre os grupos entrevistados. Os alunos conhecem diferentes ferramentas e buscam formas de utilização da tecnologia, percebendo-a como um apoio complementar que não substitui o professor.

Os professores, por sua vez, expressam preocupação com o uso da IA e a dificuldade em adaptar suas práticas pedagógicas. Eles alertam para o risco de a tecnologia diminuir a habilidade de análise crítica dos estudantes, reduzindo a capacidade intelectual e o esforço de aprendizagem.

O estudo mostra que a IA já está presente no universo escolar brasileiro, mas o uso é realizado de modo espontâneo e desigual. Professores e alunos vivem o desafio de aprender a lidar com uma tecnologia que se disseminou rapidamente, colocando novas reflexões e demandas às políticas educacionais e à formação docente”, avalia Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br / NIC.br.

Apesar dos benefícios, o estudo identifica que o uso da IA nas escolas ocorre sem diretrizes institucionais claras, caracterizado por um “pacto silencioso”.

Muitos professores reconhecem que os alunos utilizam a tecnologia para redigir textos, resolver questões e preparar apresentações, mas não se sentem seguros para problematizar o uso, seja pela ausência de critérios de avaliação ou pelo reconhecimento da integração da ferramenta na rotina educacional.

Tanto alunos quanto professores demonstram compreensão limitada sobre o funcionamento da IA. O estudo revela dificuldades relacionadas à checagem da veracidade das informações e a incertezas éticas, especialmente sobre autoria de textos, questões quanto a privacidade e proteção de dados pessoais e limites de uso em avaliações.

“O estudo oferece subsídios para a formulação e implementação de políticas públicas que capacitem e apoiem escolas, professores e alunos a atribuir sentido pedagógico e ético ao uso da IA. O desafio é ajudar a construir diretrizes e práticas concretas que promovam inclusão e qualidade na educação”, finaliza Graziela.

O levantamento foi realizado a partir de entrevistas em profundidade com especialistas do setor no país e da condução de grupos focais, com professores e alunos de escolas públicas e privadas de São Paulo (SP) e Recife (PE).

Saiba mais em: https://iabrasilnoticias.com.br/a-gente-finge-que-nao-usa-novo-estudo-do-cetic-br-traca-um-mapa-da-ia-nas-escolas-brasileiras/

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