Educação e saúde mental: escolas como redes de proteção

Instituições assumem papel central na prevenção e no cuidado socioemocional, em sintonia com a agenda do Setembro Amarelo

Por muito tempo, saúde mental era vista como tema periférico no ambiente escolar. Hoje, tornou-se uma pauta urgente — e permanente. O Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio que mobiliza o Brasil e o mundo, funciona como marco simbólico, mas especialistas reforçam: as ações de cuidado emocional devem acontecer durante todo o ano.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 20% das crianças e adolescentes apresentam sinais de transtornos emocionais, como ansiedade e depressão. Metade desses casos se manifesta antes dos 14 anos, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Esses dados colocam a escola no centro de um desafio: como criar um espaço de aprendizagem que também funcione como rede de proteção e promoção do equilíbrio emocional?

Para Kassula Corrêa, diretora regional da Start Anglo Bilingual School, no Rio de Janeiro, a resposta passa por integrar cuidado e aprendizado de forma inseparável. “Uma criança emocionalmente saudável aprende melhor, se relaciona melhor e cresce mais preparada para a vida. Na escola, não podemos tratar o desenvolvimento socioemocional como um extra: ele precisa estar no DNA do projeto pedagógico”, afirmou.

Essa visão está presente na proposta da rede, que inaugura sua primeira unidade no Recreio dos Bandeirantes em 2026. O projeto pedagógico une currículo bilíngue ao programa internacional Líder em Mim, metodologia que estimula competências como empatia, autoconhecimento e resolução de conflitos, além de incentivar práticas de protagonismo estudantil.

Escola e famílias: diálogo como parte da rotina

O cuidado com a saúde mental vai além das paredes da sala de aula. A interação diária entre escola e famílias é peça-chave para identificar sinais precoces de sofrimento emocional e construir um ambiente de confiança em torno da criança.

Na Start, esse compromisso se traduz em práticas que envolvem toda a comunidade escolar: projetos colaborativos, cultura maker, uso ético da inteligência artificial e ações de alimentação saudável em parceria com especialistas, como a nutricionista Cynthia Howlett.

“Se queremos alunos atentos e produtivos, precisamos cuidar da base. Alimentação equilibrada, sono de qualidade e atividade física fazem parte do pacote de saúde emocional”, reforçou Kassula. Esse olhar integral amplia a percepção de que o bem-estar depende de múltiplos fatores — emocionais, sociais e físicos.

A atenção constante também se estende às famílias, que precisam reconhecer sinais de alerta no comportamento das crianças. Mudanças bruscas, como retraimento repentino ou agitação excessiva, podem indicar sofrimento emocional.

Queda no desempenho escolar, dificuldades de concentração e alterações no sono ou no apetite também merecem atenção. Isolamento social, explosões de irritabilidade e queixas físicas recorrentes, como dores sem causa médica aparente, são outros indícios que não devem ser ignorados. “O olhar atento da família é fundamental. Quanto mais cedo percebemos e acolhemos, maiores as chances de ajudar a criança a recuperar o equilíbrio emocional”, reforça a educadora.

Estudos recentes do IBGE (2023) confirmam a tendência: escolas que adotam jornada integral e práticas de desenvolvimento socioemocional registram aumento de matrículas, sobretudo em centros urbanos de maior renda. Para gestores, trata-se de um sinal claro de que as famílias buscam instituições comprometidas com a formação integral.

5 ações práticas para promover saúde mental na escola

Especialistas apontam que a mudança não acontece por ações pontuais, mas por uma transformação consistente que deve ser incorporada à cultura escolar e envolver toda a comunidade educativa. Na visão de Kassula Corrêa, cinco caminhos fundamentais podem orientar gestores e professores a estruturar esse compromisso de forma contínua:

  1. Incluir o socioemocional no currículo – Criar aulas e projetos contínuos voltados para empatia, autoconhecimento e resolução de conflitos.
  2. Treinar a equipe pedagógica – Capacitar professores e funcionários para identificar sinais de sofrimento emocional e agir de forma acolhedora.
  3. Promover ambientes seguros e acolhedores – Garantir espaços físicos e sociais onde as crianças se sintam respeitadas e ouvidas.
  4. Cuidar da rotina alimentar e física – Oferecer refeições saudáveis, incentivar o sono adequado e atividades físicas regulares.
  5. Envolver a família – Manter canais abertos de comunicação com pais e responsáveis, criando uma rede de apoio ao estudante.

Com atenção diária, diálogo aberto e parceria entre família e escola, é possível criar uma rede sólida de proteção para que crianças cresçam mais seguras, confiantes e preparadas para lidar com os desafios da vida. “O olhar atento da família é fundamental. Quanto mais cedo percebemos e acolhemos, maiores as chances de ajudar a criança a recuperar o equilíbrio emocional”, reforçou Kassula.

Saiba mais em: https://educador21.com/saude-mental-na-escola-setembro-amarelo/

Copyright © Direitos Reservados por Learnbase Gestão e Consultoria Educacional S.A.

Contato

contato@learnbasek12.com.br