Após 'caso Edcley', Inep testará inteligência artificial na formulação do Enem: 'Menos humanos envolvidos', diz presidente

Como o “caso Edcley” expôs uma fragilidade estrutural do Enem: o uso de pré-testes em larga escala com estudantes reais, que abriu brecha para esquemas de memorização, venda de questões e desgaste profundo da confiança pública no exame.

🧪 Vazamento de itens e crise de confiança

A revelação de que 8 questões da aplicação principal e 4 da edição de Belém já circulavam em lives, apostilas e grupos de WhatsApp atinge diretamente a imagem de isonomia do Enem. Mais do que um “erro operacional”, o episódio sinaliza que o modelo de pré-testagem, tal como estruturado hoje, produz vulnerabilidades exploráveis por quem conhece os bastidores.

🤖 IA no pré-teste: solução técnica para problema político?

A proposta de usar inteligência artificial para “simular alunos fortes, medianos e fracos” busca reduzir o número de pessoas que têm contato com itens sigilosos. Ao substituir parte dos 15 mil estudantes reais por modelos de IA, o Inep tenta ganhar controle e sigilo. Mas a própria fala de Palacios — com juízes humanos calibrando as máquinas — mostra que não se trata de eliminar o humano, e sim deslocar a intervenção humana para outras etapas, o que não resolve, por si só, o debate público sobre transparência e equidade.

🧩 Banco de Itens e o ponto fraco dos pré-testes

O texto detalha a engrenagem do Banco Nacional de Itens: elaboração, validação pedagógica e pré-testagem. É justamente nessa última etapa, quando questões são “disfarçadas” em outras avaliações, que o sistema ficou exposto. O esquema de Edcley — pagar alunos para memorizar questões pré-testadas em um concurso da Capes e montar um banco paralelo — demonstra que o problema não está apenas no sigilo formal, mas na lógica de reaproveitar provas abertas, com inscrição ampla e incentivo financeiro.

⚖️ Decisão do Inep e sensação de injustiça entre candidatos

A resposta institucional foi ambígua: anulação de apenas 3 questões, acionamento da Polícia Federal e, em um primeiro momento, defesa de que o esquema de pré-testes não seria alterado. Depois, o Inep afirmou que ninguém teria sido efetivamente prejudicado. Em contraste, o texto mostra o incômodo persistente de candidatos que pedem a anulação do Enem 2025, alegando quebra de isonomia. Há um descompasso claro entre a leitura técnica do órgão (“não altera o resultado de ninguém”) e a percepção de justiça dos participantes.

🧭 Sigilo, engajamento e desenho de incentivos

A discussão sobre onde aplicar os pré-testes escancara um dilema clássico de avaliações em larga escala: quanto maior o engajamento dos alunos (como em concursos com prêmio em dinheiro), maior o risco de vazamento e comercialização de itens; quanto mais “discretas” as aplicações, menor o interesse e a dedicação, comprometendo a qualidade dos dados. A fala de Palacios sobre redes de ensino sem benefício direto ao aluno mostra que não há solução simples — qualquer arranjo precisa equilibrar sigilo, motivação e viabilidade operacional.

✅ Conclusão

A aposta em inteligência artificial indica que o Inep busca respostas tecnológicas para um problema que é, ao mesmo tempo, técnico, ético e político: como garantir sigilo e validade do Enem em um contexto de alta pressão social e econômica. O “caso Edcley” não revela apenas uma falha pontual, mas a necessidade de revisar o desenho dos pré-testes, os incentivos envolvidos e a forma de comunicar decisões aos candidatos. Se a IA pode reduzir pontos de vazamento, caberá ao Inep mostrar que essa mudança vem acompanhada de regras mais claras, processos mais robustos e um compromisso explícito com a percepção de justiça dos participantes.

Leia a notícia original na íntegra em: https://porvir.org/vencedores-global-edtech-prize-tecnologia-educacao/

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