Aprovação Parcial no Rio: Entre o Combate à Evasão e a Polêmica da Qualidade de Ensino

Novo decreto estadual permite que alunos do Ensino Médio avancem de série com até seis matérias pendentes. Governo defende medida como estratégia contra o abandono escolar, enquanto sindicatos alertam para risco de "aprovação automática" e maquiagem de índices.

📋 O que muda na prática? A partir de agora, estudantes da rede estadual do Rio de Janeiro não serão retidos na mesma série se forem reprovados em até seis disciplinas (na 1ª e 2ª séries) ou três disciplinas (na 3ª série). Eles avançam para o ano seguinte sob o regime de "progressão parcial", devendo cumprir uma recuperação paralela obrigatória. O objetivo é que o aluno elimine essas pendências até o fim do primeiro trimestre do ano letivo seguinte, seja de forma presencial ou remota.

🛡️ O argumento da Secretaria: Foco na permanência A Secretaria de Educação (Seeduc) justifica a medida como uma ferramenta vital para combater a evasão escolar. Estudos indicam que a repetência é um dos principais fatores que levam o jovem a desistir dos estudos. O governo argumenta que está alinhando o Rio a outros 15 estados brasileiros (como SP, MG e BA) que já adotam a dependência, garantindo o direito do aluno de continuar seu percurso escolar e não ficar "preso" por dificuldades pontuais.

⚠️ A crítica dos professores: Risco de "Desmonte do Conhecimento" O sindicato da categoria (Sepe-RJ) critica duramente a medida, classificando-a como uma forma de instituir a aprovação automática. Para os educadores, empurrar o aluno para a série seguinte com defasagem em metade das matérias (6 disciplinas) inviabiliza o aprendizado de novos conteúdos. A preocupação é que a "recuperação paralela" não seja suficiente para suprir as lacunas, criando um efeito bola de neve de desconhecimento.

📊 A sombra do Ideb e a pressão por números A polêmica ganha força ao analisar o cenário estatístico: o Rio de Janeiro teve o penúltimo pior desempenho do Brasil no Ideb 2023 para o Ensino Médio (nota 3,3). Críticos apontam que a flexibilização da aprovação, somada a bônus financeiros para escolas que atingirem metas de 95% de aprovação, pode ser uma estratégia para elevar artificialmente os índices do estado no próximo levantamento, sem que haja melhoria real na qualidade do ensino.

🚀 O desafio da implementação A responsabilidade de definir como será essa recuperação (calendário e metodologia) cairá sobre as escolas. O grande desafio será estrutural: como as equipes pedagógicas, já sobrecarregadas, conseguirão oferecer um acompanhamento personalizado para alunos que carregam defasagens de até seis matérias do ano anterior, ao mesmo tempo em que precisam ensinar o conteúdo do ano corrente?

🔍 Conclusão A medida expõe o difícil equilíbrio entre fluxo escolar e qualidade de ensino. Se por um lado a retenção excessiva expulsa o aluno da escola, por outro, a aprovação sem aprendizado cria uma ilusão de sucesso educacional. Para que a política funcione e não seja apenas estatística, o estado precisará garantir que a "recuperação paralela" seja robusta e efetiva, e não apenas uma burocracia para a entrega do diploma.

Leia a notícia original na íntegra em: https://extra.globo.com/rio/noticia/2025/11/aprovacao-parcial-alunos-do-ensino-medio-da-rede-estadual-do-rio-vao-passar-de-ano-se-forem-reprovados-em-ate-seis-materias.ghtml?utm_source=the_news&utm_medium=newsletter&utm_campaign=25-11-2025&_bhlid=e517659c037650b84a05af5614663ebee8454e0f

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